Vários cálculos matemáticos escritos em uma tela de vidro, com uma mão empunhando uma caneta sobre a tela.
Imagem retirada do artigo “12 cursos para quem gosta de matemática

Da matemática para o mundo da TI

Laíny Moraes

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Este é o primeiro de uma serie de postagens sobre a minha carreira na área de produto em TI e começarei contando como aterrissar de paraquedas nessa área até então desconhecida, embedada a preconceitos e prioritariamente masculina.

Quem me conhece, ou se tiver olhado meu LinkedIn, sabe que sou formada em Matemática! E, em todas as entrevistas de emprego, bem como em algumas rodas de conversa, essa parte da minha vida é pauta para ouvintes curiosos e atentos! Também rende uma dose de incentivo e empoderamento para outras mulheres que desejam migrar ou iniciar na carreira de produto.

Pra quem não sabe, na ementa do curso, temos desde disciplinas de lógica e programação, como estatística e até física. E tudo que era relacionado a ‘informática’ e programas de computador, me interessava! Lembro que em um semestre, trabalhamos com o KTurtle e eu achava genial tudo o que era possível fazer com aquela tartaruguinha!

Participei como monitora do NTE (Núcleo de Tecnologia Educacional) da UEPA, cujo um dos objetivos era promover o uso de TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) para o ensino nas escolas públicas. Eram parte das minhas atividades, ensinar e auxiliar os alunos que frequentavam, em turmas e dias específicos, os laboratórios da universidade, na realização de pesquisas, e construção de trabalhos no libre office.

Foi nessa monitoria que surgiu a ideia, em conjunto com uma amiga, monitora e também da minha turma, de plotar todos os gráficos das funções elementares (trigonométricas, logarítmicas, exponenciais, injetoras, bijetoras, entre outras) no libreoffice calc para mostrar o comportamento de cada uma quando alguma variável era alterada. O objetivo era mostrar para os alunos, de forma visual e prática, onde cada variável impactava no seu respectivo gráfico.

Esse trabalho chamou a atenção de um professor nosso que tinha desenvolvido um Software para o Ensino de Polinômios, que acabou nos pedindo para documentar o sisteminha e submeter um artigo para apresentação no Encontro Nacional de Educação Matemática, realizado em Salvador pela Sociedade Brasileira de Educação Matemática no ano de 2010. Prontamente aceitamos o convite. Dividimos as tarefas, eu fiquei com a documentação do sistema que envolvia testar e escrever um manual de usuário e a minha dupla, ficou com a escrita do artigo, o que incluía pontuar os benefícios com a utilização do software.

Você pode até não acreditar em propósitos, mas comigo aconteceu de um dos meus melhores amigos me indicar uma vaga de estágio na Cobra Tecnologia, atual BB Tecnologia e Serviços do Banco do Brasil, cujas atividades eram justamente produzir o manual do usuário. Não medi esforços, me candidatei, fiz a entrevista, a prova e passei! Em maio de 2010, eu iniciava oficialmente como Documentadora do sistema de Gestão de Fomento do Banco da Amazônia e aterrissava no mundo da TI!

Aqui o negócio já era mais sério, eu precisava validar os fluxos com base na especificação de requisitos e regras de negócios produzidos pelos Analistas de Negócio, além de retestar manualmente todos os cenários para conseguir tirar print e descrever o passo a passo para o usuário final. Na época, os times trabalhavam com algumas cerimônias do scrum (dailys, plannings, sprints), mas a documentação era extensa, cheia de casos de uso, fluxos alternativos e exceções (baseada na UML) e eu, sabia um total de ZERO conceitos a respeito.

Mas, como boa observadora, rápido peguei os padrões e já estava por dentro do negócio, tanto que em dezembro desse mesmo ano meu estágio acabaria, pois eu estava me formando. Contudo, fui contrata e no dia 3 de janeiro de 2011 eu estava efetivada com carteira assinada e tudo! Então, vez ou outra, eu me pegava pensando que determinado fluxo poderia ter uma regra a mais, identificava a ausência de outros fluxos/padrões que existiam em funcionalidades parecidas, mas que não foram especificados na documentação, só que infelizmente eu não tinha abertura e nem know-how para argumentar com aqueles que eram da área de produto, afinal eu era só a menina da documentação que nem era da área e estava ali só para printar telas e escrever o manual.

O que eles não sabiam, era que como boa inconformada que sou, eu queria sair da ponta final e ir pra ponta inicial. Queria ser a pessoa que pensava o produto, levantava as regras, as necessidades do negócio e dos usuários. Iniciei então a minha busca por uma vaga na área e resolvi arriscar ao me candidatar para o processo seletivo na Fóton Informática, que consistia numa prova (elaborar um caso de uso com base numa necessidade passada por eles, desenhar um diagrama de caso de uso e fazer uma redação). Estudei o livro UML 2.0: Do requisito à solução do Adilson Lima e fui confiante fazer a prova. Para minha surpresa e alegria, passei e fui contratada em setembro de 2012.

Claro que nesse percurso todo, eu tive incentivo de grandes amigos que estiveram presente para tirar dúvidas e principalmente, não deixar eu desistir e nem desacreditar do meu potencial (a tal da síndrome do impostor)! Ser eternamente grata a eles, ainda é pouco! Por isso, friso aqui o quão importante é se rodear de pessoas que acreditem no seu potencial e te incentivem de forma genuína. É importante também, filtrar falas negativas que dizem que você não tem vocação, não é dá área e nunca vai conseguir, que minimizam o teu esforço, trabalho e dedicação… pasmem, eu escutei tudo isso! Mas se tivesse dado ouvidos, não estava há 10 anos trabalhando com isso e nem lhes escrevendo sobre essa trajetória agora…

Encerro esse primeiro artigo, com a promessa de que retornarei em breve com o próximo, onde pretendo contar o que motivou e as escolhas para as qualificações que investi ao longo desse tempo. Também quero contar na sequência, o que levou essa paraense sair da sua terrinha natal, contratada por uma das maiores empresas de tecnologia de Florianópolis.

Espero que gostem e se você acha que minha história pode motivar você ou alguém que você conhece, não hesite em compartilhar! Fique a vontade também para mandar uma mensagem no meu LinkedIn, se desejar trocar uma ideia ou tirar alguma dúvida!

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